sábado, agosto 08, 2009

vitrine .


"Eu não gosto do bom gosto.
Eu não gosto de bom senso.
Eu não gosto dos bons modos.
Não gosto.

Eu aguento até rigores.
Eu não tenho pena dos traídos.
Eu hospedo infratores e banidos.
Eu respeito conveniências.
Eu não ligo pra conchavos.
Eu suporto aparências.
Eu não gosto de maus tratos.

Eu aguento até os modernos.
E seus segundos cadernos.
Eu aguento até os caretas.
E suas verdades perfeitas.

[...]
Eu aplaudo rebeldias.
Eu respeito tiranias.
E compreendo piedades.
Eu não condeno mentiras.
Eu não condeno vaidades.

Eu gosto dos que têm fome,
Dos que morrem de vontade,
Dos que secam de desejo,
Dos que ardem."

Adriana Calcanhoto.

Eu gosto de poder falar que eu gosto do que é comum.
Do que é popular, normal, cotidiano e mediano.
Eu gosto de samba mulato de gafieira.

Eu gosto daquelas músicas que tem braços pro ar.
Eu gosto daqueles sorrisos e lágrimas sinceros.
Daquele jeito que só sabe falar se tocar,
de quem ri e abraça a qualquer hora, e grita, na rua.

Eu gosto de quem não sabe exatamente do que gosta.
De quem está no meio da rua, no meio do mundo.
Que tá numa roda viva, ele com o mundo.

Eu gosto de quem vai pra roda e sabe sambar
que mostra o gingado, e sabe chorar...
Gente que ri a vontade. E segue a novela.
Gente do povo, gente de verdade.

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