domingo, novembro 16, 2008

de repente, um anjo triste perto de mim.


O que é que eu sinto longe de você?
Não seria possível doer mais do que quando perto.
Dentre todos os dias, hoje, foi o que doeu mais.
Então vou viver, pra tentar te esquecer.

E nem é só você que eu não quero olhar,
são todos, você e os outros.
Entre os amores que eu tenho,
vocês foram os que eu decepcionei mais.

Já não vou falar dos outros então.
Você, eles, elas, os meus, os nossos.
Os de perto, os de longe e a falta
de abraço e de vergonha.

Ridícula.
Não vou escrever todo o resto.
Pra não ser ainda mais esdrúxula.
Patética.

Poema de Natal, Vinícius de Moraes

"Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
(...)
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
(...)
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai
(...)
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte.
(...)"

Nem tudo funciona de verdade, Daniela Mercury

"O corpo dói.
As coisas perdem um dia a validade.
Os aparelhos quebram. O amor acaba.
Nem tudo funciona de verdade.
O novo envelhece. As cartas erram.
A vida passa lenta e sem vontade.
(...)
O espelho perdi um dia a vaidade.
(...)
A moda passa. A malha esgarça.
Acaba a graça e a novidade.
O tempo corre. A rosa morre.
Nem tudo funciona de verdade.
A roupa suja. O ferro enferruja.
A dor sobrepuja a felicidade.
(...)
Nem tudo funciona de verdade."

('Entre por essa porta agora e
diga que me adora. Você tem meia
hora pra mudar a minha vida.
[...] Ainda tem o seu perfume
pela casa, ainda tem você na sala.
Porque meu coração dispara quando
tem o seu cheiro, dentro da noite
veloz, na cinza das horas.')

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