terça-feira, julho 27, 2010

meio.


Eu acho que em dias assim a gente não devia escrever.
O céu não está radiante, não está nublado...
A única cor que eu podia ver enchia meus olhos,
de tal forma, que eu já não consigo olhar mais.

Mas já é tão tarde, já se foi a sorte, a morte...
Já não choro mais meus pesares passados...
Já não sinto mais tanta fome, tanta sede...

Agora, já sou forte o bastante. Levanto e vou. Voo.
Vou embora. Vou embora pra onde seja o meu lugar.
Aqui já não me encontro, nem nas esquinas...
Nem na noite, nem na lua. Nem montanhas bastam.

Estou pronto pra desatar velhas correntes...
Correntes tão incoerentes da corrida.
Já não sou do navio negreiro, nem quero trem.

Sou de outras correntezas, das estrelas.

(8) Num trem pras estrelas, depois dos navios negreiros,
outras correntezas... (/8)
-Cazuza

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