quarta-feira, julho 25, 2012

"Desse jeito vão saber de nós dois. (...) Nossos corpos não conseguem ter paz, em uma distância. Nossos olhos são dengosos demais. Que não se consolam, clamam fulgazes. Olhos que se entregam, olhos ilegais. Eu só sei que eu quero você pertinho de mim; eu quero você dentro de mim; eu quero você em cima de mim; eu quero você!"


Eu não saberia explicar o que foi. Era muito. Era vontade. Um turbilhão de sentidos. Seus olhos verdes demais me comiam e ali eu já queria desistir de sair, te levar pro quarto, te trazer pra mais perto, te beijar com muita, muita vontade. Hesitei, obviamente. Não lhe parecia óbvio quando contei, pra mim, fazia muito sentido. Da hesitação veio muita risada. Doeu a barriga de tanto rir... me inclinei pra você, quis te beijar... voltei, te avisei, quase me afogando nos seus olhos verdes, me beijou calma e forte, como você consegue ser.
Era pra ser um conto erótico. É um conto poético. Você é muita poesia. Me passaram zilhões de coisas na cabeça, eu não conseguia pensar, não conseguia parar em nenhum pensamento, só não queria mais te largar. Um arrepio infinito, um calor na alma. Você é toda quente demais.
No carro, uma adrenalina infinita de você não querer, de não poder, de não... AH! que agonia. Eu queria você como a última coisa da vida. Desses adolescentes imediatistas, não podia, não posso esperar. Te quero, muito. Agora! Pra ontem.
Eu sabia tão bem te provocar, parecia que era exatamente o que eu conhecia! você ali, sem blusa, muito minha, querendo resistir, sem querer... cada palavra sua, minha vontade era ainda maior. Me virou forte, no carro, até tremi de te desejar tanto assim.
Continuamos muito melhor, sussurando no seu ouvido, você mandava parar... não ia rolar. Eu não podia desistir. Na frente da minha casa, eu não conseguia te largar, queria te ver invadindo a minha vida como seu cabelo invadia nossos beijos e você ria, um sorriso tão largo, tão infinito, achei que ia me perder no seu sorriso.
Você ia me enlouquecer! Estava quase conseguindo... até ver alguém muito ali, transparente e vulnerável, achei seu ponto fraco. Pedi com o carinho gostoso de quem sabe em que hora falar: "Fica comigo". Você ia dormir comigo.
Era só dormir, mas, você me encostava assim, quente, muito quente... e eu num frio de uma alma até então vazia, encostei em você, vi aguçados todos os meus sentidos, sua pele tão macia, seus olhos verdes e seu sorriso largo, podia te sentir naquele escuro. Não conseguia te deixar em paz, você sucumbiu, quase me matou de desejo e de tesão quando desceu sua boca quente na minha coxa, tremi, quase pensei em fraquejar, te senti assim muito dentro de mim. De um corpo muito frio, vi nascer uma fogueira imensa, estava completamente imersa na fogueira. Você era coisa demais, você é muita coisa.
Íamos dormir, ou tentar pela enésima vez. Ficamos numa conchinha quieta, você de costas pra mim me dizendo que não sabia dormir assim, você sempre ficava atrás. Te disse antes, tinha que repetir, eu era a menina errada. Menina, mocinha, assim que você me chamava né?! Mimada do papai, com seus 20 e poucos anos ainda inconsequentes... Te segurei forte e disse que, na minha conchinha, eu fico atrás. Era um jeito de te enlouquecer um pouco também. Eu ia conseguir. Beijar devagar suas costas, morder de leve sua orelha, de sentir arrepiada e, de leve, com as unhas sempre afiadas, arranhar suas costas, suas coxas, seus braços, segurar forte seu cabelo e te virar de novo. Recomeçar os beijos quentes, minhas coxas fortes, no seu jeito muito experiente de saber o que faz. Recomeçamos e te abracei forte. Disse que eu parecia uma adolescente. Com a voz muito rouca, você disse que não entendia de paixonites adolescentes... e ria. Me senti desafiada, segurei seu cabelo, te beijei com vontade, disse no seu ouvido que te queria eu que íamos só dormir agora. Você disse que eu te enlouqueceria. Consegui.

terça-feira, junho 26, 2012

farewell

É só pra testar seu adeus!
O meu nunca vem mesmo
e você já devia saber há tempos...
Eu não deixo ninguém no caminho.

Mas queria ver como ficam seus olhos
se eu digo que os meus não estão por aqui...
queria ver seu sorriso, como fica,
se eu digo que não estarei tão perto...

Se eu te digo que vou, que não fico,
como ficam seus braços, pros abraços?
Os meus, ainda aqui, sempre abertos.

Eu não nasci pra esses "adeus".
Por mais que eu queria ser leve e livre,
eu sempre fico! vocês é quem vão...

"Quando você me deixou, meu bem, me disse pra eu ser feliz e passar bem. Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci, mas, depois, como era de costume, obedeci. Quando você me quiser rever, já vai me encontrar refeita, pode crer. Olhos nos olhos, quero ver o que você faz ao sentir que sem você eu passo bem demais. (...) Quando, talvez, precisar de mim, você sabe que a casa é sempre sua, venha sim."

farewell

Eu coloquei meus óculos sobre o nariz. Uma última vez eu diminui a luz, esperei você entrar. A gente era assim, de se entender assim, fácil. Não precisaria mais que isso.
Eu estava te esperando com a mesma cara de sempre... você estava tão diferente. Ainda assim, eu sorri. Era você! E doía.
Acendi um cigarro, coloquei uma música.
Eu conhecia cada palavra que sairia de sua boca, e, paciente, só esperava que pudessemos sentir nossa música. Ah, nossa música... conhecida entre as lágrimas de duas pessoas tristes, falavam sobre adeus. Lembro de nossa primeira conversa assim, grandes amigos falavam abraçados sobre a despedida e sobre os corações partidos em milhares de pedaços. Meu deus, que agonia te ver sofrer. No consolo do abraço de um amigo, erámos muito mais, sentia que a nossa ligação ultrapassava os limites, éramos uma loucura. Lembra? Você disse dessa nossa "conexão".
Enfim, quando fomos nós e o adeus, doeu mais. Hoje ainda dói.
Talvez, por isso, lembro como se fosse hoje.
Coloquei nossa música triste e te disse, como nas primeiras lágrimas, "eu não abandono ninguém, infelizmente, você é quem vai ter que me deixar". Você enlouquecia sempre, na primeira briga, quando disse que algum dia você me abandonaria, você me xingou, falou sobre covardia, sobre tristeza, sobre... mim. Você conhecia exatamente cada pedaço do meu sorriso triste. Mas sabia também que eu não abandono ninguém... não deixo ninguém no caminho. Esse era você.
Era fundo, muito fundo sofrer assim. Te ver indo. Foi exatamente assim que você falou: "Eu preciso ir".
E foi.
Você não ficaria por mim. Não que isso não me doesse. O recalque sempre foi o nosso sobrenome, mas, no meu caso, eu não reconheceria nada disso. E não era covardia, e você sabia. Era só pra cuidar de você. Enquanto eu não sofria, você se refazia, e eu sofreria por nós. Eu sou forte o bastante pra isso. Meus braços aguentam, são compridos, estão sempre abertos... você sabia.
As suas costas largas aguentariam uma outra loucura. Talvez parecessem com o que a gente era, você já tinha vivido alguém assim, de amar muito, pra sempre, não?! Você o deixou, exatamente igual.
Eu não queria sofrer por antecipação. Deixei você falar... Você disse que era muito pra você e iria... sem mim.
Apaguei o cigarro, sequei sua lágrima. Falei uma última vez: "Eu te amo. Como a alma é capaz. Talvez mais... E a gente, findou...". Sai e você ficou, como se eu tivesse te deixado.
Só pra sofrer mais. Você é desses que sofre demais. E é tão bonito.
Nossa despedida não teve nenhuma frase de efeito. Me mudei de cidade logo, você sorriu com tantos outros amigos. Pensei em te ligar, você também pensou o mesmo, eu sei... Não fizemos e findamos.

quarta-feira, maio 16, 2012

É pedir muito que as pessoas sonhem mais? Que desaprendam e desapeguem de tudo isso que é dinheiro, que é pose, que é too much... sabe? uma vaidade tão boba, de umas coisas tão vulneráveis.
Eu só queria poder fazer mais. Fazer melhor! Por mim, por você, por nós... pelo que a gente tem de melhor, é pra isso, é por isso que eu queria viver.
Não vejo maldade nas nossas noites assim, acordados... não vejo maldades nos nossos muitos abraços, nossos risos muito largos... queria que todo mundo pudesse amar assim, viver assim... pudesse sentir essa liberdade, essa vontade...
É pedir muito que não se tenha preconceito? É o negro, o analfabeto, o nordestino, o gay, o aidético... é gente. Sabe? Gente, de amar pra sempre. É o que eu quero, não me importo que tenham qualquer coisa, que sejam qualquer pessoa... Que sejam eles, como somos nós, quando estamos sós, que sejam muitos!
na multidão...

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

"set fire to the rain"

Assistir você queimar não seria o bastante.
É de uma intensidade muito maior colocar fogo e nos jogar ao fogo... ao que eu armei, a tudo isso que eu fiz, que eu criei... as mil noites sem dormir imaginando o que seria de nós, sem sermos nada, como seria nossa briga no fim... assistindo a tv, com cerveja na mão, choraria dias depois, não queria ter dito tudo aquilo... mas eu gostaria daquele sofrimento como se fosse me manter viva e pulsante...
mas nem fomos ainda. e nunca iremos... porque, sabe, não fazemos as madrugadas acordarem aos berros de nos deixar... somos fiéis e muito calmos, parecendo os piores da terra, somos de segurar mãos atadas... pra sempre. se você descobrisse, viria correndo, e eu iria... só pra rir. com você.