segunda-feira, agosto 29, 2011

Das minas, de mim. De longe, do fundo da alma.



O céu de Minas tem estrelas demais.
Não fosse a hora, diria que era o conhaque...
Mas já não bebo. Já passa da hora.

São tantas estrelas quanto são os sonhos.
E vem de tudo o que eu vi refletido, bem fundo,
em espelhos negros de água mostrando tantas árvores
e a alma da gente.

E eu só sei que é Minas porque é noite.
O breu de fora revelando o breu de dentro.
E porque eu penso em você.

E os dois, você e o conhaque,
me deixam melancólico feito o diabo.

segunda-feira, agosto 22, 2011

'eram recados pra toda nação'


No fundo, no fundo... é só solidão. Não existem tantos sorrisos
e é o frio, e é cinza, é o vento lá fora congelando alma adentro.

Mas no silêncio há um sorriso, da certeza da chegada,
da espera do calor, da esperança que se me aparece assim
tão longa quanto os braços, vai aquecer a alma desolada.

Sem amor ? Não. Sem o seu amor. Mas com amor de sobra
para preencher com mãos as mãos, pra ser mãos dadas.

Ser mais amor, pra poder ser mãos dadas sem luvas nem nada.
Ser mais pra ser tudo e ser o bastante sem obstante.
Ser tudo em ti, em mim, em nós, no mundo, sem parada.

quarta-feira, agosto 17, 2011

A porta, do coração, entre aberta.



-Qual foi a sua última vez?
-Como assim a última vez?
-É, assim, a última vez?
-Você falando assim eu não sei dizer... talvez tenha sido há tempos, talvez tenha sido ontem. Agora me perdi, não sei dizer.
-Mas você não se lembra de como foi?
-Não. Fiquei meio encabulada agora...
-Mas você não lembra do cheiro?
-Falando assim, acho que consigo lembrar melhor... com doçura é mais fácil de lembrar.
-Então, quando foi a última vez?
-Que saco. Já disse que não sei. Mas lembro de tudo. De cada detalhe. Do cabelo, das pernas, dos olhos. Ah, como eu me lembro do olhos. Meio melancólicos, bonitos, castanhos, até tristes... mas calmos.
-Você lembra de como foi para ela?
-Não. Nem sei se foi pra ela como foi pra mim... Não deve ter sido. Você sabe das minhas esquinas.
-É. Eu sei. Você devia beber conhaque e virar poeta.
-Eu bem queria. Talvez e conseguisse te contar, se eu fosse poeta...
-Você consegue me contar... faz um esforço.
-Eu lembro que era quente. Que não tinha esforço, era fácil, pra mim. Era suave, mas era intenso. E tinha aquela coisa que eu gosto, bem brasileira, sabe? Até se perder...
-E se perdeu? Mas durou?
-Se perdeu ou se ficou eu não sei... e pode ser que não tenha acabado, que dure até hoje. Mas pode ser que já tenha acabado também. Pode ser que não acabe nunca... Pode ser da vida acostumar.
-E doeu?
-Não... já aconteceu outras vezes... é preciso estar atento e forte.
-E você sabe me ensinar?
-Não sei nem pra mim. Dessa vez não doeu. Pode ser da próxima doer. Não sei bem como faz, não tem fórmula. É só ir sentido... sabe?
-Sei... eu acho. Mas, falando assim, parece que ainda acontece... Você não sabe quanto tempo faz? Ou quantas vezes foram?
-Ainda acontece. Acontece sempre... A possibilidade de acontecer surge quando eu levanto... e está comigo até quando durmo. Porque, dormindo, posso sonhar. Não sei quanto tempo faz, pode ter sido há vinte minutos atrás, pode ter sido simples e eu não saiba te dizer se foi mesmo. Foram milhares de vezes e, espero, que continue sendo. Todos os dias...
-Parece ter sido difícil. Mas parece ter sido bom. Se apaixonar é bom?
-É muito. É como sentir uma cachoeira toda dentro de si...
-Eu quero.
-Eu tenho, em mim, todo tempo. Porque eu sou meio Drummond, sabe? “Tenho apenas duas mãos e todo sentimento do mundo”.

Quiçá: "Non je ne regrette rien"



Eu queria poder ser mais humana,
no olho a olho, no toque, nos braços.
Mas no um a um eu sou meio ciência.

E qualquer um e todos percebem.
Quando sabem das esquinas que já cai...
das boaventuranças simples da alma
que eu sou toda poesia, toda boemia.

Se quem não sabe dos meus passos,
pudesse ver os meus lugares e as letras
me julgaria bem poeta, bem sua, bem.

Já, se viu quem é, as bolsas que carrega,
o peso dos ombros e o muito pensar...
sabe que as letras são o muitos sentir
que não explode as estrelas, as implode...

em mim.

terça-feira, agosto 16, 2011

"(...) pra te dar coragem, pra seguir viagem."


Sabe lá deus (ou não) de onde veio a força,
que manteve em pé não só o corpo
mas o gosto pra um sorriso.

É óbvio e claro que eu sei de onde vem,
é só charme pra chamar sua atenção.
E talvez nem precisava de tanto charme...

Se lhe bastou umas bobagens pra lembrar,
eu sei que estava numa esquina qualquer,
você me veria e me traria seu gosto todo
que me bastou um segundo pra (re)conhecer.

Dos melhores presentes da vida,
vindos da lembrança das músicas
que você nem imagina, mas me lembram seus olhos.
De fotografia. Em mim, feito tatuagem.